sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Quando eu jogava pião!!!

                O jogo de pião quase está desaparecendo... mas quem ainda brinca sabe que você enrola uma corda chamada fieira em torno do pião de madeira e o lança na direção do chão e esperava ele rodar bonito com aquele zunido zzuuummm. Como toda a brincadeira cada arremesso no chão de terra batida tinha um nome... quem começava a jogar lançava devagarzinho e o pião rodava pouquinho e logo parava, nós chamávamos esse lançamento de baianinho... pois era devagar demais rsrsrs, depois havia o pucha tripa... era um lançamento mais rápido como se fosse uma chicotada... e havia o terrível lançamento chamado machadinha... era um lançamento que você lançava o pião no chão como você desse uma machadada  todos saiam de perto pois se errasse o lançamento e pegasse em alguém poderia machucar seriamente algum dos meninos.
            Um dia meu pai achou um pedaço de madeira de lei bem escura e o levou para o trabalho dele... lá existia um torno e ele fez um pião com aquela madeira... o pião ficou pesado e forte, havia uma brincadeira chama cela, era feito um circulo e era colocado um dos piões nesta cela... e tentávamos com os nossos arremessos tirar o pião de dentro do círculo... quem chegava pra brincar tinha que colocar o pião dentro da cela e só depois que o pião dele fosse tirado da cela é que ele poderia também arremessar. 
           Só que o legal da cela era jogar o pião estilo machadinha e quebrar, rachar, o pião que estava na cela, o meu pião por ser de madeira muito dura eles conseguiam tirar, mas não dava pra rachar... quando era a minha vez... eu jogava e zaass... quando pegava no pião as vezes rachava o pião de alguém no meio ou bem perto da ponta do pião, não é necessário dizer que quando eu rachava o pião, depois tinha aquela confusão de crianças querendo brigar porque ele tinha perdido o pião, mas a regra é era a seguinte colocou na cela, já sabia que poderia ter o pião rachado... não vou negar não... o barulho do pião se rachando era muito legal de ser ouvido, mas o pior não era isso as vezes saíamos machucados pois o pião as vezes prendia na fieira e voltava na direção da gente ou de alguém e machucava, quando batia com a madeira era só um calombo no lugar atingido, mas quando batia de ponta era um sangueiro só, a mãe do garoto machucado ia na casa do garoto que sem querer machucou o filho dele e arrumava umaconfusão terrível e a mãe falava: - Não quero mais você brincando com esses garotos de rua!!!! Até parece que o filho dela também não era de rua!!! Ele brincava de pião onde então??? Essas mães... tem cada uma, no outro dia as crianças estavam brincando todas juntos de novo, e a mãe dizia do garoto dizia: - Você não tem vergonha nessa cara não, você não tem sentimentos. O garoto respondia: - Tenho sim mãe , mas eles são meu amigos e eu quero agora jogar bola.
             O melhor de jogar pião era que depois da quebradeira dos piões... tínhamos que comprar outros novos... depois da confusão havia o perdão e a amizade continuava... eu me lembro com saudade onde podíamos brincar até bem tarde sem preocupações de violência. A vida girava como um pião... as vezes quebrava, rachava como um pião, mas no final tudo acabava bem... pois é... criança se chateia mas depois passa e tá tudo legal de novo. Talvez seja por isso que Jesus disse que aquele que não se torna como uma criança não poderia entrar no reino dos céus. Criança da trabalho, mas é muito divertido... e ao mesmo tempo que apronta, encanta, perdoa, ama incondicionalmente.
                 "E Jesus chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse: - Em verdade vos digo que se não se converterdes  e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrarei no reino dos céus. Mateus 18: 2-3"
            

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cuidando do mais importante...

               O dia prometia ser muito especial... já tinha pregado pela manhã e tinha visitado a tarde, porém as coisas nunca  acontecem do jeito que queremos as vezes... com o sermão preparado para a noite, fui chamado urgentemente... uma das nossas irmãs tinha tido uma isquemia... e eu não tinha pedido ninguém pra pegar no meu lugar... conversei com um diácono e disse: - Irmão, se der eu volto pra pregar... caso contrário o irmão por favor pregue ou coloque alguém para pregar no meu lugar, estarei no Hospital Duque de Caxias vendo como esta a nossa irmã. Ele disse: - Tudo bem pastor pode ir...  e lá eu fui sem saber como ela estava... chegando no Hospital, o ,lugar estava lotado, gente no corredor, outros na triagem... e a minha irmã estava dentro da enfermaria, 
                  O que mais me chamou a atenção é que ela estava sentada em uma cadeira de rodas, pois não tinha leitos disponíveis no momento... os técnicos de enfermagem corriam de lá pra cá em uma correria doida... muitas pessoas enfermas e poucos trabalhadores e a minha irmã ali... sem falar direito... com o rosto meio torto, sem se movimentar direito e eu ali do lado dela conversando com ela... claro eu falando mais  do que ela... alguns familiares correndo atrás dos médicos, as filhas chorando  e o tempo passando... ela começou ver o tempo passar e com muita dificuldade ela tentando falar disse: - Pr. o culto vai começar, volta lá pra pregar... eu fico bem... pode ir.
               Eu apenas disse: - Não se preocupe... só saio daqui depois que souber que a senhora vai estar bem encaminhada... pra ficar aqui tem pouca gente... na igreja tem muita gente, alguém pode pregar no meu lugar... cristianismo não é só igreja e sorri pra ela. Ela no meio de um sorriso deixou cair uma lágrima... ela disse: - Então tá... ela falou baixinho. Resumindo, depois daquele dia soube que o culto tinha ido normalmente com louvores e um irmão tinha pregado uma linda mensagem. Porém naquele domingo eu e aquela irmã que tinha a idade de ser minha mãe ou minha irmã mais velha... passamos a ter uma amizade mais fraterna... 
                Há atitudes pessoais que falam mais do que muitos sermões em tardes de domingo... entre perder o culto e me preocupar com a minha irmã naquele domingo... eu escolhi o mais importante... e no meio daquele caos, naquela emergência hospitalar ... pude sentir a doce presença de Deus nos confortando naquele momento difícil,  todo ser humano tem problemas, mas quando confiamos em Deus Ele faz toda a diferença, e nos livra das nossas angústias nos concedendo no final uma gloriosa vitória.
              "O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre." Salmo 121: 7-8.